Agora estava Hurick a elucubrar, seus pensamentos o levavam
até longe, e ainda assim a saudade insistia em acompanhar. Saudade, tristeza e
um vazio, o inquietava e fazia seu dia sem brilho ficar, é já fazia um ano, a
falta do seu pai estava cada vez mais acentuada e em uma tarde em que a
tristeza não era passageira estava Hurick a lembrar.
Mesmo nunca sendo muito próximos, por causa de algumas
coisas da vida, Hurick sempre tivera seu pai perto e quando a saudade era maior
que a distância, ele iria seu pai visitar, e há um ano não podia mais, seu pai
atravessara a ponte da vida, talvez com a sensação de missão cumprida, pois
sempre vivera do modo que escolheu arrependimentos não costumava demostrar. As
histórias sobre polícia, eram sempre maiores que o sonho frustrado, e da falta
de oportunidades para realizar, a cada visita Hurick adiava, não sei se por não
conseguir usar as palavras, não conseguia pedir a seu pai um abraço e sempre
para próxima vez deixava passar.
Foram muitas as vezes que Hurick iria visitar seu pai com
esse pensamento, e em casa até ensaiava, mas não conseguia praticar, incontáveis
oportunidades foram perdidas, a distância entre eles, mesmo juntos ou tão perto
não deixava Hurick seu pai abraçar, ele não conseguia. E como se não fosse
acontecer ou pelo menos Hurick não esperava, tempo para isso não mais restou, a
oportunidade passará. Em uma noite fria, a madrugada silenciava, o pai de
Hurick atravessará a ponte da vida, levando consigo a oportunidade e o tempo
que Hurick tinha de abraça-lo.
Ah como foi angustiante aquela noite fria, o jovem Hurick
estava sufocado a tristeza era seu guia, à medida que o tempo passava, e a
ponte era pelo pai de Hurick percorrida, chegava a hora da despedida, a
tristeza mais acentuada começava a ficar. De repente, Hurick sentira um
arrepio, e veio então um forte pensamento -em mente meu pai estou a te
abraçar-.
Chegou a hora do adeus, já do outro lado da ponte, o pai de
Hurick acenava, se aproximava o fim da tarde, o frio da noite se apresentava e
em seu último adeus Hurick sem poder falar, pensava: não te abracei pai, mas
tem o meu perdão seguiras em mim e sempre comigo, e a cada abraço sentido, será
um pouco do seu, e de todo perdão.