É tão complexa minha sensibilidade
Sinto tudo de forma tão intensa
Amo de tão vasto modo que duvido,
Existir alguém que ame a metade
E sinta tanta falta de uma presença
Me sinto só, e sozinho é um tormento.
Há na vida tempestades nunca bonança
Todo o viver tem sido de lamento
Padece de loucura quem ama e duvida
É um veneno para alma, a desconfiança.
Não há mais em mim esperança
De que um dia tudo seja normal
Pois no amor não há normalidade
Quando se ama além do final.
Na solidão vejo a noite esvair-se
Não sei se louco ou se são
Meu corpo clama como se pedisse
Aguá para quem tem sede
Ou meramente um sim pelo não
Me sinto só mesmo acompanhado
Apesar de inocente sou culpado
Simplesmente por ter um coração
Aparentemente em silencio e calado
Porque de todo modo sou esquecido
Mesmo fazendo tudo para ser lembrado
Até parece que o sol me escondeu o brilho
Sem tal luz não se pode ver o caminho
O que faz aumentar a solidão.
É eterno o que por você sinto
Que sem palavras para definir
Poucamente passei a escrever
Não posso mensurar o infinito
Pois o que sei de mais bonito
Não é nada comparado a você
Sem definir, querendo decifrar
Continuo sendo teu poeta
Muito embora e agora calado
Louco, inconsequente e vidrado
Um bobo apaixonado por você
Usando palavras para declarar
Já que não posso mensurar
O amor que sinto por você.
Há tempos não sonho mais
Apesar de conseguir dormir
Não há a certeza que dá paz
Aos poucos deixo de existir
Sozinho comigo e o meu eu
Sinto que me falta uma parte
Pois a que me faz ser um todo
Parece que agora se perdeu
Nas tentativas de encontrar
Eu sempre acabo me perdendo
Incompleto não consigo me guiar
É como enxergar sem estar vendo
É como dormir e não sonhar
É como viver morrendo.