Dias incomuns e de tão tristes Hurick passava
a grande maioria calado, sufocado e imerso em uma intensa nostalgia, pois Bela
Flor estava distante e tal distância não era apenas física. Sua ausência era
como um veneno destilado e espalhado por todas as artérias, ao passo que se
passava o tempo aumentava-se a dor, diminuindo o tempo de vida e aumentando a
saudade dela.
As coisas
estavam difíceis, as brigas eram constantes o ciúme de Hurick irritava e
deixava triste Bela Flor e por isso afastavam-se cada vez mais os amantes. Ela
chegava a eternidade do amor questionar, dizia não mais querer viver com tanta
desconfiança de quem a dizia amar. Hurick a cada dia mais se entristecia, e
apesar de todos os esforços não conseguia mudar, sabia que mesmo com algumas
promessas por Bela Flor quebradas, que a desconfiança sempre fora infundada e
que o medo de perder Bela Flor o estava fazendo deixar de ganhar.
Em uma
noite que a tristeza não era passageira, e o ciúme tentava Hurick afogar, ele e
Bela Flor discutiram, e talvez por causa do desgaste Bela Flor mais do que
antes passou a se irritar. No calor da discursão sem saber que as palavras são
como um carro desgovernado na contramão Bela Flor disse a Hurick que apenas o
que ele escrevia, era responsável por ela na vida dele ainda continuar.
Hurick
profundamente se entristeceu com as palavras Dela, pois na vida não era menos
verdade que Ele era o poeta, e que a poesia era Ela e isso nunca quis negar.
Hurick nunca foi só palavras, sua lhaneza sempre ecoou por onde ele passava e
sua sensibilidade de todos os demais o fazia se diferenciar.
Agora sem a
certeza da eternidade, Hurick diz que da sua vida não mais sabe, e que sem Bela
Flor o caminho não se pode trilhar. Sem ela é como se Hurick não existisse,
tudo que tem cor perde o brilho, desaparece o ar, não se tem mais vida. Sem Bela Flor a vida é solitária e fria, sem
Bela Flor não há poesia, não mais haverá.
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Elisérgio Nunes